26 de fev. de 2008

Ser poeta é andar cantando o mundo

Quem quiser entender a criação
Do poeta repentista, cantador
Escritor de sonetos, trovador
Ou até quem compõe uma canção
Que se expõe e que abre o coração
Do que é belo sem se comprometer
Vai poder nessa hora conhecer
O sentimento do peito oriundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver

Ser poeta é ser um bem vivido
É falar das coisas do Nordeste
É compor do Oeste até o Leste
É pedir pra o Brasil ser dividido
É falar do que temos já sofrido
Mas nem sempre a vida é padecer
Muito mais uma forma de entender
Nosso povo em grau muito profundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver

É ainda escrever em prosa e verso
Ser moderno, romântico, realista
Improvisar, cantar, ser repentista
E andar por um mundo não disperso
Qualquer coisa assim não desconverso
Isso faz qualquer um resplandecer
A magia que é um bem querer
De rimar em menos de um segundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver

É pegar e ser pego de surpresa
É girar o mundo todo em uma volta
É demonstrar alegria ou revolta
É entender a feiúra e a beleza
Conhecer humildade e avareza
É sorrir, é chorar é perceber
É sentir o que venha aparecer
Do honesto até o vagabundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver

É Viver a Natureza nua e crua
Escrever a sensibilidade
Relatar a mentira com verdade
Ler a Terra, Ler o sol e ler a lua
Inspiração que é uma arma sua
Vem de longe, de dentro de seu ser
E o poeta estará a descrever
O correto, o errado e o imundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver.

18 de fev. de 2008

DISCURSO DIRETO E INDIRETO

Transformação do Discurso Direto em Discurso Indireto

Discurso Direto

Discurso direto caracteriza a fiel reprodução da fala dos personagens. Pode ser marcado por travessões ou aspas, indicando exatamente o que teria sido dito na ocasião dos acontecimentos. É de praxe que o discurso reproduzido seja antecedido de verbo de elocução (falar, dizer, contar, explicar, perguntar etc). Vejamos exemplo abaixo:

Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou:
- Uai... as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?

Observe que o trecho em negrito representa a fala da personagem. Ou seja, não foram adaptadas à voz do narrador.

Discurso Indireto

Nessa modalidade de discurso, as falas dos personagens são adaptadas à do narrador, ou seja, não há reprodução fiel e, por isso, a temporalidade do verbo é passada em relação à do discurso direto. Vejamos como ficaria a estrutura do exemplo mencionado para o discurso direto:

Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam qual foi, porque ela arregalou os olhos e indagou se as necessidades seriam realizadas naquele saquinho, questionando se o avião não possuía banheiro.


Observe que há, claramente, uma acomodação do texto do personagem para o texto do narrador.


Discurso Indireto Livre

Nessa modalidade de discurso, as falas do narrador e dos personagens são fundidas, convertendo-se em uma só e indicando uma indefinição. Na estrutura textual, aparece dentro do texto do narrador, mas constitui um segmento que poderia ser pronunciado por um dos personagens.

Luiz adorava ler em momentos de descanso. Não havia uma hora vaga, um minuto livre, em que ele não ficasse de pestanas paradas, concentrando-se em alguma história de amor. Que coisa, cadê a vontade de dormir, de comer, de conversar? Só havia tempo para a leitura.


Não há como atribuir, exatamente, se o trecho destacado refere-se à voz do narrador ou à voz do personagem.

12 de fev. de 2008

PREVENIR OU REMEDIAR?

Por Cassildo Souza(*)
Entre os debates mais intensos que permeiam a sociedade atual, uma questão que não pode ser colocada em segundo plano certamente é a descriminalização do aborto. Os que defendem tal legalidade afirmam que, uma vez aprovada, a lei priorizaria o acesso a métodos seguros de extração, em caso de gravidez indesejada, com a justificativa se preservar a vida da mãe. Porém, o caminho mais coerente seria incentivar a prevenção, ao invés de se alimentar a prática de um crime na mais aceitável significação da palavra.
Vivemos em um mundo rodeado de informações, e as campanhas promovidas pelos órgãos de saúde competentes, se não são ideais, também não permitem alegar-se a falta de conhecimento a respeito do assunto. Por ano, são distribuídos milhões de camisinhas e outros mecanismos capazes de evitar que o indesejado (quase sempre inesperado) aconteça. Se, mesmo assim, o índice de adolescentes que dão a luz cresce assustadoramente a cada ano, com a possibilidade de o aborto tornar-se legal, isso aumentaria numa velocidade ainda maior.
Não sendo bem-sucedidas como deveriam, as estratégias de conscientização para se prevenir a gravidez, como em qualquer outra campanha, devem evoluir; outros meios devem ser criados. Podemos citar que algumas doenças foram erradicadas no passado, por terem sido combatidas veementemente. Descriminalizar o aborto, além de constituir uma motivação para o descompromisso com a vida, atesta a incapacidade do Estado para resolver questões sérias e urgentes.
A atitude mais sensata é sempre eliminar o problema em sua origem, em qualquer que seja a situação. Não se concebe mais, a essa altura, recorrer a mecanismos imediatistas para sanar algo que poderia ter sido suprimido no passado. Os exemplos do insucesso estão em toda a parte: por não se investir em educação é que se corre atrás de bandido, vive-se inúmeras epidemias e, para completar, ainda se quer permitir a castração de uma vida, antes mesmo de ser concretizada.
*Autor deste blog

11 de fev. de 2008

ARRUMAR O HOMEM

"Não boto a mão no fogo pela autenticidade da estória que estou para contar. Não posso, poré, duvidar da verdade da pessoa de quem a escutei e, por isso, tenho-a como verdadeira. Salva-me, de qualquer modo, o provérbio italiano: "Se não é verdadeira...é muito graciosa!"
Estava, pois, aquele pai carioca, engenheiro de profissão, posto em sossego, admitindo que, para um engenheiro, é sossego andar mergulhado em cálculos de estrutura. Ao lado, o filho, de 7 ou 8 anos, não cessava de atormentá-lo com perguntas de todo jaez, tentando conquistar um companheiro de lazer.
A idéia mais luminosa que ocorreu ao pai, depois de dez a quinze convites a ficar quieto e a deixá-lo trabalhar, foi a de pôr nas mãos do moleque um belo quebra-cabeça trazido da última viagem à Europa. "Vá brincando enquanto eu termino esta conta", sentencia entre dentes, prelibando pelo menos uma hora, hora e meia de trégua. O peralta não levará menos do que isso para armar o mapa do mundo com um os cinco continentes, arquipélagos, mares e oceanos, comemora o pai engenheiro.
Quem foi que disse hora e meia? Dez minutos depois, dez minutos cravados, e o menino já o puxava triunfante: "Pai, vem ver!" No chão, completinho, sem defeito, o mapa do mundo.
Como fez, como não fez? Em menos de uma hora era impossível. O próprio herói deu a chave da proeza: "Pai, você não percebeu que, atrás do mundo, o quebra-cabeça tinha um homem? Era mais fácil. E quando eu arrumei o homem, o mundo ficou arrumado!"
"Mas esse garoto é um sábio!", sobressaltei, ouvindo a palavra final. Nunca ouvi verdade tão cristalina: "Basta arrumar o homem (tão desarrumado quase sempre) e o mundo fica arrumado!"
Arrumar o homem é a tarefa das tarefas, se é que se quer arrumar o mundo.
Dom Lucas Moreira Neves, Jornal do Brasil, janeiro, 1997.

LER: CONDIÇÃO PARA ESCREVER

Todo exame vestibular, os candidatos “enlouquecem” preocupados com o que a prova de redação deverá cobrar como tema. Por mais que se trabalhem assuntos diversos o ano todo, e que se apresente toda a teoria com a formatação dos gêneros textuais, a questão parece ganhar uma importância maior a cada ano. Os resultados obtidos geralmente ficam aquém do se espera.
Qual seria a explicação para isso? Simples. As escolas não dão o incentivo devido aos alunos no âmbito da leitura. É a partir dela que surgem descobertas e, consequentemente, idéias novas. Quando se lê, obtêm-se informações antes ocultas, e a possibilidade de se abordar determinado assunto aumenta. Ou seja, a leitura é, sem dúvida alguma, a matéria-prima da redação.
Fazemos referência, aqui, à leitura em seu mais amplo sentido. Não se trata apenas de estar visualizando um aglomerado de letras em um livro. É preciso concebê-la em vertentes mais aprofundadas. Quando se assiste a um noticiário, quando se analisa uma pintura, quando se vê uma peça de teatro, o aluno está adquirindo uma leitura de mundo. E é esse conhecimento que lhe abrirá portas para que consiga enxergar não apenas o superficial, mas o que se esconde por trás das entrelinhas. Por exemplo, como pode alguém discorrer sobre as conseqüências do fim da CPMF, sem ao menos saber o que realmente ela quer dizer? E só é possível conhece-la lendo revistas, assistindo aos jornais e mesmo consultando alguém com conhecimento de causa. Isso gera leitura de mundo.
Portanto, é necessário que as instituições, principalmente no Ensino Fundamental, reúnam condições para que sua clientela estudantil tenha a maior parte do tempo contato com informações, porque nos dias atuais, ninguém pode se queixar disso, as redes estão por toda a parte, cabe-nos procurar o que constitui matéria interessante e que atendam às nossas necessidades de conhecer.

INÍCIO DE UM PROJETO

Amigos,


Estou iniciando um projeto, com o intuito de ampliar a relação com meus alunos, colegas e a quem mais interessar, que porventura se mostrem empenhados em melhorar o exercício de sua língua pátria. Este espaço será destinado a tira-dúvidas, debates, discussão sobre música, cultura, problemas sociais (sem fanatismo, pelo amor de Deus) e a outros aspectos igualmente importantes.
É o início de uma caminhada em favor da boa expressão da Língua, da compreensão de suas variações e da apreensão dos principais pontos exigidos em concursos e vestibulares, dentro de nossa conjuntura. É, também, uma maneira de exteriorizar várias formas de manifestação e de inquietação com alguns aspectos que permeiam o mundo.

Sejam bem-vindos,

conto com vocês.

Cassildo.

Mote Impacto Profundo (Cassildo Souza)

EU NÃO SEI AONDE PISO
NÃO SINTO MEUS PÉS NO CHÃO
NÃO SOU CHEGADO A VILÃO
E SE EU POSSO MORALIZO
AS CORRENTES QUE AQUI FRISO
NÃO CONCORDO UM SÓ SEGUNDO
HÁ VARIAÇÕES NO MUNDO
QUE MUITO NOS PREJUDICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

SEM QUERER PERFECCIONAR
TUDO ANDA NADA BOM
NO EMBALO DESSE TOM
EU QUERO DENUNCIAR
O QUE QUEREM PROPICIAR
É EXTREMAMENTE IMUNDO
AS VIRTUDES DESSE MUNDO
DO POVO ELAS ABDICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

O NOVO OESTE ACABADO
MÉDIO LESTE SEM UM RUMO
JÁ ESTÁ PERDENDO O PRUMO
O PLANETA ESTAGNADO
VELHO MUNDO ESTÁ NUM NADO
ENVOLVIDO NUM INUNDO
ENCRAVADO EM UM FUNDO
E OS HOMENS NÃO SE APLICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

AINDA TEMOS OS VULCÕES
COISAS QUE ME DEIXAM MUDO
E ALÉM DE ISSO TUDO
MAREMOTOS, FURACÕES
TERREMOTOS, EXPLOSÕES
VERTENTES QUE ME APROFUNDO
NÃO SEI ONDE PÁRA O MUNDO
O QUE É RUIM ELES PRATICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

AVIÕES DESPEDAÇANDO
HIPOCRISIAS MAIORES
NÃO VEJO COISAS MELHORES
VEJO MASTROS DESABANDO
OLHO CABEÇAS ROLANDO
NO PLANETA MORIBUNDO
O AMBIENTE É FECUNDO
HUMANOS O MULTIPLICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

MENTES SEM RACIOCÍNIO
FRACOS CÉREBROS PENSANDO
CRIAÇÕES NOS INTRIGANDO
PELA FALTA DE FASCÍNIO
AMBIENTE HETERONÍMIO
PENSAMENTO VAGABUNDO
TÓPICOS DE UM SUBMUNDO
QUE NADA EXEMPLIFICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

7 de fev. de 2008

Incertezas (Cassildo Souza)

Ciente de que de nada estou certo
Ando pelo mundo das muitas incertezas
Sem saber onde parar, qual o limite
Sem ter noção, flutuando nas profundezas.

Certeza eu tenho que nada me assegura
Não duvido de nada por que não posso
Não tenho autoridade para nada contestar
Já que essa incerteza insiste em me cercar.

Estou situado no planeta incerteza
Quem nele habita é chamado de perdido
O seu alimento ideal deve ser razão
Que abastece o espírito combatido.

Mas, a escassez desse sentimento é nítida
E os perdidos ou incertos têm dificuldades
De se livrarem desse fenômeno incômodo
Que coloca em risco todas as verdades.

Se bem que verdades, nesse mundo falado
Não são tão notáveis, visto que ele é incerto
E neste mundo eu tenho vivido há tempos
Sem nenhum sinal de reversão por perto.

Isso tudo faz com se chegue a um consenso
Que, na realidade se constitui em bom senso:
No mar das questões concretas,
Estou afogado em todas as respostas incertas.

Elos Impossíveis (Cassildo Souza)

Inconveniências e contradições
Incoerências e ambições
Que se assemelham aos problemas sociais
Que nos conduzem a dizer “nunca mais”.

Incomunicação consciente, impossível
Ambiência negativamente incrível
Incapacidade de reciprocidade
Mútua distorção da liberdade.

Seres da completude que não se complementam
Inadmissíveis atitudes que alimentam
Intransmissões de fluídos de pensamentos
Desconexão prevista para eternamente.

E o laço se desfaz em oportuno
(Hipocrisia, nada que seja uno)
Sela-se o fim do ciclo duvidoso
Que alivia e traz um mundo luminoso